sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA CEGOS

Fiz esse artigo buscando as novas tecnologias que auxiliam as pessoas com deficiencia visual. Encontrei muita coisa útil.
BOA LEITURA

RESUMO
Todos sabemos das dificuldades que encontramos em nosso dia a dia, porém utilizando recursos apropriados vamos superando os obstáculos. Esses recursos são nada mais nada menos que os tecnologias assistivas. Identificarei algumas soluções, utilizados por pessoas com deficiência visual, para se tornar uma pessoa mais independente e que auxiliam nas tarefas cotidianas.
Palavras chave: Recursos, tecnologia assistiva, deficiência visual.


INTRODUÇÃO


No mundo há inúmeras pessoas que possuem algum tipo de deficiência, tanto física como mental, na qual restringe os indivíduos a executar atividades diárias. Só no Brasil, segundo o Censo 2000, há 24,6 milhões de pessoas com deficiência, equivalente a 14,5% da população.
Durante vários anos os indivíduos de deficiência conviveram à custa da sociedade. Porém, hoje em dia se observa uma conscientização maior das pessoas, buscando ajudar e a incluir essas pessoas no nosso cotidiano.
Como vivemos repletos de inovações na área tecnológica, estas estão sendo fundamentais no auxilio aos deficientes para terem uma relação de igualdade perante a sociedade.
Neste trabalho será identificado as técnicas que estão sendo utilizadas por pessoas com deficiência visual. Esses artifícios também são conhecidos como Tecnologia Assistiva, sendo o objetivo principal identificar todo e qualquer recurso, ampliando as habilidades funcionais das pessoas com deficiência, promovendo vida independente.

1 DEFICIENCIA


Por muito tempo predominou a visão da deficiência como um problema individual, transferindo à pessoa a própria responsabilidade de “mudar” ou “adaptar-se” para viver em sociedade. A partir da década de 1960, essa visão começou a ser questionada e, pouco a pouco, a deficiência passou a ser entendida a partir da interação das pessoas com o contexto em que vivem.
No modelo inclusivo, fundamentado nessa visão, cabe à sociedade se adaptar para acolher as diferenças e promover condições de acesso, para todos os cidadãos com ou sem deficiência, aos serviços coletivos de saúde, educação, trabalho, locomoção, segurança, entre outros.
Conforme a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência ONU(2006):
“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas”

Segundo o Censo(2000), do IBGE, há no país 16,6 milhões de pessoas com deficiência visual, cerca de 9,8% da população, sendo 150 mil cegas. A acessibilidade comunicacional é um direito dos cidadãos garantido pela lei federal 10.098/99, que prevê a eliminação de barreiras na comunicação, além da adoção de alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização.
Hoje, a sociedade tem como objetivo oferecer oportunidades iguais para que cada pessoa seja autônoma e auto-suficiente. Essas oportunidades vêm com a era digital, novas tecnologias de assistência, muitas baseadas em eletrônica e computação.
Essas assistências vêm da área de conhecimento que chamamos de Tecnologia Assistida, na qual tem como característica promover produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que origina a funcionalidade relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, ampliando sua autonomia, independência, comunicação, mobilidade, habilidades em seu aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e a sociedade.

2 TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA CEGOS

"Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social" (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT))

Hoje há inúmeros recursos e produtos para cada uma das deficiências, algumas mais atualizadas, outras nem tanto adaptáveis, a justificar a necessidade do desenvolvimento de ações no sentido de oportunizar e incluir essas pessoas no ambiente social.

2.2 TÉCNICAS

Cada pessoa deficiente possui uma condição da própria deficiência, e a partir dela a pessoa poderá se encaixar em algum método que o auxilie melhor. Podemos registrar inúmeras tentativas, em diferentes países, no sentido de encontrar um meio que proporcionasse às pessoas cegas condições de ler e escrever.
Aos deficientes de baixa visão, ou subnormal, podemos incluir as lupas e lentes de aumento, livros com linhas de alto relevo assim como a própria leitura Braile. Não é descartada a opção de grandes telas de impressão ou até mesmo um sistema de TV com aumento para leitura de documentos.

2.2.1 Braile

Podemos dizer que o sistema Braile foi o primeiro avanço na vida dos cegos. Ao longo dos tempos a educação dos deficientes visuais ficou restrita a esse aprendizado e uso do sistema Braille, onde o deficiente faz as leituras utilizando o somente às pontas dos dedos.
A partir deste recurso houve um grande salto na educação e inclusão destas pessoas, mas por outro lado, restringiu a comunicação somente entre pessoas cegas, visto que na grande maioria dos casos, nem a família, nem os professores que o cego encontra ao decorrer da vida escolar, não sabem o Braille nem estão preparados para trabalhar com os recursos necessários para a comunicação escrita.

2.2.2 Dosvox

Além dos materiais pedagógicos usados no desenvolvimento das pessoas com deficiência, o uso do computador complementa e auxilia os profissionais da área de educação especial. O DOSVOX é uma ferramenta que contribui e facilita os trabalhos com esses indivíduos de deficiência visual. O conjunto de recursos disponíveis no software expande as atividades que podem ser desenvolvidas com os deficientes visuais. Como por exemplo, o acesso à Internet, listas de discussão, edição de textos, entretenimento, treinamento, leitura falada, contribuindo para aumentar seu potencial e sua inclusão social.

 2.2.3 Virtual Vision

Neste software, o usuário pode ouvir tudo o que está sendo mostrado, conforme navega pelo sistema e/ou utiliza os comandos do programa.  É como se fosse um leitor de tela, onde interagindo com o Sistema Operacional do Computador, captura toda e qualquer informação apresentada na forma de texto e a transforma em uma resposta falada utilizando um sintetizador de voz.
O virtual Vision faz as leituras na linguagem portuguesa.

2.2.4 Display Braille.

Para deficientes que não se adaptam as tonalidades de vozes dos softwares de leituras, ou até mesmo àqueles que além de cegos são surdos, poderáo navegar pelos computadores a partir do dispositivo de saída tátil, onde o mesmo faz a visualização das letras no sistema Braille. Por intermédio de um sistema eletromecânico (figura 1), conjuntos de pontos são levantados e abaixados, conseguindo-se assim uma linha de texto em Braille.

                                                 Figura 1: Display Braile
                                                 Fonte: SANT´ANNA

Os atuais displays possuem dimensões que vão desde uma única célula (de seis ou oito pontos) até linhas de 80 células. A maioria comporta entre doze e vinte células por linha. É principalmente útil para superar a ausência ou dificuldade de audição e visão através do tato. Infelizmente, é pouco usado no Brasil devido ao seu altíssimo custo, sendo que os mais simples e baratos ultrapassam os cinco mil dólares.

2.2.5 BrainPort

Creio que o mais novo invento, criado por um grupo cientifico, o BrainPort é uma tecnologia que permitirá a uma pessoa cega “ver” a forma, tamanho, localização e movimento de objetos utilizando a língua.
Denominada BrainPort, esta tecnologia, desenvolvida pela Wicab(http://vision.wicab.com/index.php), é constituída por um par de óculos de sol com uma pequena câmera de vídeo, um comando e uma espécie de “chupeta” que se coloca sobre a língua.
As imagens, captadas através de uma pequena câmera colocada nos óculos, são enviadas para um comando que as converte em impulsos elétricos que, por sua vez, são transmitidos para a língua através de uma “chupeta” ligada ao comando por um fio. Por fim, as terminações nervosas da língua enviam os estímulos elétricos ao cérebro. Com o treino os usuários tornam-se capazes de “ver”, ou seja, identificando os padrões de estímulos o que permitirá perceber os objetos e os seus movimentos.

                                              Figura 2:BrainPort
                                              Fonte: LUIS

Segundo os seus criadores, esta tecnologia não pretende ser a substituta das tão conhecidas bengalas-branca ou dos cãos-guia, mas sim, funcionar numa lógica de complementaridade.
Assim como qualquer outra técnica, as pessoas precisam de tempo para se adaptar e obter total domínio do aparelho, que o servirá de apoio. Inicialmente pode não ser tão fácil, porém aos poucos notasse a evolução das pessoas com os recursos que estão sendo criados.

3 ACESSIBILIDADE

Não podemos falar em Tecnologia Assistiva sem falar em acessibilidade, onde podemos entender que é o esforço que as pessoas possuem em facilitar os acessos em âmbitos sociais, culturais, educacionais, entre outros. Também tem o objetivo de reduzir o efeito de uma limitação e assim proporcionar uma maior igualdade às pessoas com necessidades especiais.
Conforme GODINHO(2010):
“Acessibilidade consiste na facilidade de acesso e de uso de ambientes, produtos e serviços por qualquer pessoa e em diferentes contextos. Envolve o Design Inclusivo, oferta de um leque variado de produtos e serviços que cubram as necessidades de diferentes populações (incluindo produtos e serviços de apoio), adaptação, meios alternativos de informação, comunicação, mobilidade e manipulação” [Francisco Godinho, 2010].

A acessibilidade está sendo lembrada por todos e em diversos lugares, como nas escolas, construções e informática. Essas preocupações fazem com que tenham direito a utilização do espaço e ao ambiente em que convivem.
Em meio a esses recursos, tornamos a dizer que a tecnologia assistiva e a acessibilidade andam juntas, fazendo com que cada dificuldade encontrada torne-se apenas mais um desafio a ser alcançado, trazendo alegria em cada conquista.

CONCLUSÃO

Todos os dias temos que superar obstáculos com inteligência e determinação, muitas vezes essas dificuldades são maiores, na qual necessitamos de um auxilio, um recurso que faça o problema ser insignificante.
Sabemos que a falta de acessibilidade dificulta o convívio, e chega até a impossibilitar a convivência social, aumentando o nível de exclusão. E é a partir desses problemas e da própria conscientização de diversas pessoas que podemos dizer que a acessibilidade junto com as novas tecnologias facilitam e derrubam as barreiras que as pessoas deficientes possuem.
Hoje, não só o deficiente visual, mas qualquer pessoa que tenha alguma deficiência, possui mais chances de ter uma vida normal, concorrer a uma vaga no mercado de trabalho ou em escolas e tudo isto pelos recursos que o mundo e suas novas tecnologias oferecem.
Não basta matricular um aluno cego no ensino regular dizendo que está incluído, se não for oferecido a este aluno, igualdade de condições de aprendizagem e acesso aos conteúdos em sua integridade, e não a parte dele, o que depois ou este aluno seria reprovado por não alcançar os objetivos propostos, ou seria aprovado com alguma ressalva de defasagem ou impossibilidade de alcançar determinados objetivos, com justificativa na sua deficiência, mas não na deficiência do sistema de ensino e oportunidades de aprendizagem oferecidos de forma insuficiente a este aluno.(MAIA, 2010

Conforme MAIA(2010), não adianta nada o deficiente ter o recurso se o ambiente em que irá conviver não está adaptado a essa pessoa. Sabemos que hoje se tem muitos recursos, porém é preciso lembrar que ainda há muito trabalho a ser desenvolvido e muitas barreiras a serem quebradas para que possamos viver em completa igualdade.
Em todos os nossos dias enfrentamos novas dificuldades, e cada uma é um desafio a ser superado, uma vitória a ser conquista, se é assim para mim não deve ser diferente para as demais pessoas...

REFERENCIAS

ABNT. Normas Brasileiras de Acessibilidade. Disponível em: http://www.mpdft.gov.br/sicorde/abnt.htm. Acessado em: 15/11/2010.
BERSCH, Rita. Introdução à Tecnologia Assitiva. Porto Alegre – RS. 2008
BRANCA, Bengala. Produtos Para uma Vida Independente. Disponível em: http://www.bengalabranca.com.br. Acesso em 10/11/2010
ESCOLA, Cadernos da TV. Deficiência Visual/Marta Gil (org.). MEC. Secretaria da Educação a Distância,Brasília. 2000.
FEBRABAN, Federação Brasileira de Bancos. População Com Deficiência No Brasil - Fatos e Percepções. São Paulo. 2006
GODINHO, Francisco. Novo conceito de acessibilidade?. Janeiro, 2010
ITS BRASIL – Instituto de Tecnologia Social.Tecnologia Assistiva nas escolas: Recursos básicos de acessibilidade sócio-digital para pessoas com deficiência. São Paulo. 2008
LUIS. Tecnologia permite que cegos possam ver através da língua.
MAIA, Wagner Alves Ribeiro. A Inclusão de alunos cegos com o uso do Dosvox na sala de aula do Esino Regular de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. RJ, Brasil. 2010
SANT´ANNA, Laercio. Acessibilidade Legal. Disponível em: http://www.acessibilidadelegal.com/33-display-braille.php. Acessado em 11/11/2010
SERRA, Daniel; SILVA, Antonio. Portal Ler Para Ver - Biblioteca virtual para deficientes visuais. 1999. Disponível em: http://www.lerparaver.com/. Acessado em 12/11/2010

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